segunda-feira, 12 de março de 2012

Espaços Comunicantes / Foto



O que está dentro pertence ao lado de fora e o que está fora pertence ao de dentro

Communicating Spaces
Urban Action (photography, 2011)

What´s inside belongs to the outside and what´s outside belongs to the inside. Communicating spaces are urban actions created by multimedia artist Dacio Bicudo, who works in São Paulo, in places representing situations that actually echoes in all Latin America, with its public politics compromised with the social and economical elites.

Making use of tubes and lines, the artist creates symmetrical shapes, connecting internal and external spaces, putting together the public and the private, the ordinary and the protected, bourgeois places. By doing so, Bicudo proposes a very particular kind of harmony, where everything acquires an equal value.

With a strong and affirmative work, the artist builds a powerful aesthetic utopia.

Katia Canton

Espaços Comunicantes – Fase 1

Segundo Lucrécia D’Alessio Ferrara, em publicação quase simultânea ao lançamento do vídeo, espaços comunicantes se caracterizam por proporção, construção e reprodução.

A minha leitura está mais para a concepção de Kant, que os apresenta como dimensões puramente intuitivas e transcendentais, e apreensíveis em si mesmas.

De alguma maneira considero que os espaços comunicantes não físicos, revelam nosso entender e atuar em política social.

Decidi criar uma ponte entre alguns espaços de orientação pública ou privada, que em seu interior representassem de forma defasada ou influenciada comercialmente o poder que emana das ruas Meu plano era invadir locais e estabelecer uma harmonia visual e representativa entre eles para discutir essa questão e que se realizaria ao cruzarmos o limite entre os espaços.

Seria uma sequência da LINHA VERMELHA primeiro trabalho da série apresentada no 14° Salão MAM em Salvador, também em 2007. Decidi utilizar mangueiras para marcar no chão uma linha ligando os  espaços. Reuni um grupo de amigos artistas: Monique Allain, artista de São Paulo, Fernanda Eva, também de São Paulo, Bruno Batisteli, jovem artista na época saído da Unicamp, Claudia Vieira, artista gaúcha que reside em NY (em discussões on line sobre) Fernanda Cobra e Maira Caiubi, ambas artistas também paulistas. Em dois sábados de 2007, saímos munidos com 70 metros de mangueiras coloridas, e uma câmera para registro. Escolhemos a Catedral da Sé, A Bolsa de Valores, Banco do Brasil, um Museus, e fomos a ação. Nossas invasões não permitiam que pedíssemos autorização, a idéia seria contestar os limites na forma de considerar a representatividade dos espaços.

Senti, quando a realizava, que realmente os espaços internos estavam em desacordo com os externos principalmente percebendo a postura das pessoas que estavam dentro, que mudava quando saiam para fora. Embora tivéssemos tido alguns problemas com a segurança em alguns locais, a ação pegava todos de surpresa. Acontecia rápidas e não havia tempo de a segurança processar o que ocorria, Um dos artistas registrava as invasões em vídeo. O registro da ação Espaços Comunicantes, talvez por refletir o sentimento de muitos, tem tido boa aceitação entre as pessoas no Brasil e em alguns países de cultura diversificada onde foi apresentado.

A Ação da foto no BB – Fase 2 – ( No formato da LINHA VERMELHA primeiro trabalho da série realizado no 14° Salão MAM em Salvador )

Em 2011 depois do vídeo – registro ter sido mostrado em alguns lugares, uma curadora me enviou um email: – “After seeing some of your high standard works such as Communicating Spaces, I am very motivated to work with you”. Depois de conversar mos ficou acertado de eu fazer um trabalho da série pra ela. Decidi por uma foto com o mesmo conceito da ação  ( a foto  saira em livro no final do ano de 2011, junto a trabalhos de outros artistas escolhidos por ela ). Bem,foi quase automático pensar em usar linhas ligando os espaços também para a foto: Mil metros de linhas sairiam do espaço interno de um BANCO sugerindo um movimento como uma explosão, levando supostamente, parte dos valores guardados em seu interior para a rua  Os espaços se comunicariam.  Mas essa ação não poderia ser realizada rápida e de assalto como eu havia feito as outras com vídeo. Precisaria de mais tempo, e seria muito difícil acontecer sem  a autorização do Banco. Sem alternativa, decidi pedir autorização, mas ocultei o verdadeiro conceito da ação. Imaginei que se dissesse não seria aprovado pelo banco. Ou seja, eu diria pelo significado da ação, que o Banco retinha valores que deveriam ser melhor distribuídos, pedir autorização para criticá-los, seria um tiro n´água, Eles não autorizariam. Também me ocorreu que se a ação fosse em alguma agencia do Banco do Brasil representaria a idéia de maneira mais abrangente, Representaria o país em transformação.

Escolhi a agencia da Rua Álvares Penteado, porque o envolvimento deles com arte poderia confundir minha real intenção. Seria mais fácil que aprovassem a solicitação de uma  FOTO ” em frente ao prédio do BB” ( Bem,…foi o que solicitei) e como sempre, decisões que nasceram pra dar certo, tive ajuda divina. A responsável pela autorização saiu de férias e deixou outra pessoa muito simpática, mas sem os detalhes da aprovação, só com a incumbência de acompanhar a “foto na frente do prédio”  Bem, ficou mais fácil. Contando com as confusões burocráticas de instituições, Realizei a invasão. Foi um dia inteiro, com pelo menos 9 pessoas trabalhando, muito  equipamentos, e muita movimentação sem ser incomodado pela seguranças, que ao contrario, nos ajudaram. De qualquer maneira agradeço a autorização do banco. Agora pela primeira vez, o resultado desse trabalho.

Agradecimentos:

Katia Canton / Fabio Castilho/ Silvio Apô / Regina de Barros / Natasha / Camila Ricciardi / Marquinhos / Nelson /

Espaços comunicantes – tratamento 2- instalação e fotografia

Espaços Comunicantes – Vídeo registro



Espaços Comunicantes3 (vídeo registro)

(Ação Urbana, instalação,vídeo e fotografia, 2011)

O que está dentro pertence ao lado de fora e o que está fora pertence ao de dentro.

Espaços comunicantes são ações urbanas criadas pelo artista multimídia Dácio Bicudo, que trabalha em São Paulo. Elas ocorrem em locais que representam situações vistas em toda América Latina, com suas políticas públicas comprometidas com as elites sociais e econômicas. Fazendo uso de tubos, mangueiras e linhas, o artista cria formas simétricas, conectando os espaços internos e externos, reunindo o público e o privado, criando vias de acesso entre o que é ordinário e comum aos locais protegidos, normalmente acessíveis a poucos. Ao fazer isso, Bicudo propõe um tipo muito particular de harmonia, onde tudo adquire um valor igual. Com um trabalho forte e afirmativo, o artista constrói uma estética utópia e poderosa.


“O que está dentro pertence ao lado de fora, e o que está fora pertence ao de dentro”
Projeto: Linha Vermelha MAM Artista: Dácio Bicudo Instalação:

14º SALÃO DA BAHIA - MAM

A cidade como campo ampliado da arte

"Antes da Linha Vermelha, não se tem evidência de nenhum outro trabalho de arte pública de tamanho impacto e expressão em Salvador, capturando a atenção dos citadinos, inclusive de pessoas alheias ao campo das artes visuais. Por sua característica material, se tratando de uma faixa elaborada com um excelente acabamento plástico, a obra pôde ser facilmente confundida com uma faixa de trânsito, aspecto que contribuiu significativamente para a abertura da discussão em torno da obra, inclusive de sua permanência ou não no tecido urbano de Salvador"

Rizoma na Linha Vermelha: A Arte para a Cidade

(Jornal A Tarde, 2007)